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Com retorno triunfal, Black Sabbath separa homens de meninos


1.   End of the Beginning 2.    God is Dead? 3.    Loner 4.    Zeitgeist 5.    Age of Reason 6.    Live Forever 7.    Damaged Soul 8.    Dear Father       9.    Methademic (bonus track) 10.  Peace Of Mind (bonus track)
 11.  Pariah (bonus track)












A banda Black Sabbath prepara para este mês o 19º disco de sua carreira, “13″. O álbum é a primeira produção de estúdio integralmente inédita do Sabbath com os vocais de Ozzy Osbourne desde 1978, quando foi lançado o surreal “Never Say Die!”. Além de Osbourne, a obra traz outros 2/4 da banda original – o baixista Geezer Butler e o guitarrista Tony Iommi – e o batera do Rage Against The Machine, Brad Wilk.
Sob a batuta do produtor Rick Rubin, os gigantes do metal produziram um dos materiais mais aguardados das últimas décadas. É necessário frisar, contudo, que o tempo passa para todo mundo, inclusive para os deuses do rock. Logo, é insensato esperar que “13” apresente a banda com a mesma pegada da época em que tecnicamente inventou o heavy metal, o fim da década de 1960 e o começo dos anos subsequentes. Porém, é incomensurável a dignidade musical que estes senhores lançaram mão para arquitetar um disco inspirado, polido e honesto com a parte positiva do restante do legado do Sabbath. São oito músicas, porém, nenhuma de pequena duração. A grandiosidade das faixas, no entanto, transcende os limites do tempo e/ou quantidade.
Em “13″, a banda não dá chances para músicas pueris ou superficiais. O disco mostra canções diferenciadas e construídas a partir da aglutinação das mais diversas referências psicodélicas, tecnológicas e filosóficas que borbulham na cabeça dos integrantes do grupo desde que ingressaram na carreira artística. Os temas das letras são tratados de forma densa e precisa. No single “God Is Dead?”, por exemplo, o Sabbath recorre aos ensinamentos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche e discorre sobre a mais que milenar disputa travada entre as forças do bem e do mal. Já em “Live Forever”, o quarteto lida com a questão da mortalidade, um assunto deveras polêmico e inesgotável. “Age Of Reason” cumpre com excelência o papel de fazer o ouvinte se imaginar, em um estádio lotado, de punhos erguidos e acompanhando com a voz os arranjos vigorosos e poderosos da guitarra. A música “Zeitgeist”, por sua vez, evoca a intrigante “Planet Caravan” e apresenta os vocais de Osbourne em meio a um clima sombrio e desesperador.
A química entre os músicos componentes da encarnação do Sabbath neste disco surpreende de maneira positiva. A princípio, o fã mais puritano pode vir a pensar que a bateria deixa a desejar. Nas partes mais ‘calmas’ das músicas, de fato, a ausência do batera Bill Ward é notável. Todavia, Brad Wilk mostra que sua escolha foi certa e que reúne todas as condições necessárias para ser o responsável por empunhar as baquetas do grupo. Dono de habilidade incomum, Iommi faz jus ao status de ser o músico que criou alguns dos riffs mais emblemáticos da história da guitarra elétrica. Em músicas como “Loner”, “Live Forever” e “End Of Beginning”, o guitarrista desfila sua habilidade de elaborar frases musicais e combinações de notas e acordes que se encaixam como luva no padrão de exigência dos fãs de metal. Já Ozzy Osbourne, por sua vez, não se faz de rogado e magistralmente vai até onde sua voz permite. O madmen sabe que não precisa inventar a roda e conhece todos os atalhos para gravar um vocal eficiente, preciso e coeso.
Por fim e não menos importante: o Sabbath é daquele tipo de banda que pode passar o resto de sua existência sem lançar material inédito. Com “13″, no entanto, os gigantes do metal cometem um gesto de compaixão e fazem um favor aos ouvidos dos apreciadores da arte feita com verdade. Ouça o disco e entenda os motivos pelos quais o Black Sabbath é uma entidade musical perita em separar os homens dos meninos. A música precisa de mais Sabbaths e de menos bandas que chegam com o rótulo e com a missão de salvar alguma coisa. O rock não está em crise, amigo leitor. O rock é a crise.


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